22/12/2010

CBF unificou os títulos nacionais, teve clube que gostou, e teve clube que repudiou!


A CBF confirmou a equiparação da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa ao Campeonato Brasileiro. Na prática, a medida anunciada pela entidade presidida por Ricardo Teixeira unifica os títulos nacionais e muda o mapa do futebol pentacampeão do mundo.

A primeira edição da Taça Brasil foi realizada em 1959 e conquistada pelo Bahia, que representou o País na estreia da Copa Libertadores. O torneio prosseguiu até a temporada de 1968 e, um ano antes, ganhou a companhia do Roberto Gomes Pedrosa, realizado até 1970.

Bahia, Palmeiras, Santos, Cruzeiro, Botafogo e Fluminense pleitearam o reconhecimento dos títulos anteriores ao Campeonato Brasileiro, disputado pela primeira vez em 1971. A CBF analisou um dossiê preparado pelos clubes e atendeu ao pedido.

O Santos de Pelé, campeão da Taça Brasil entre 1961 e 1965 e do Robertão de 1968, passa a liderar o ranking com oito títulos, já que também triunfou em 2002 e 2004, ao lado do Palmeiras, bi da Taça Brasil (1960 e 1967) e do Roberto Gomes Pedrosa (1967 e 1969), além de tetra brasileiro (1972, 1973, 1993 e 1994).

Entre os clubes favorecidos pela medida adotada pela CBF, o principal motivo de festa foi dar, ainda que tardiamente, o título de campeão brasileiro a jogadores como Pelé, Jairzinho e Tostão, alguns dos maiores nomes do futebol nacional em todos os tempos.

"Essa decisão recoloca as coisas em seus lugares certos e um feito como esse deve ser celebrado junto com a nossa torcida e com os ídolos, que merecem ser reverenciados por isso", afirmou Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, presidente do Santos, após a divulgação extra-oficial da notícia.

Ademir da Guia, presente nas cinco conquistas do Palmeiras entre 1967 e 1973, também aprovou a medida. "Seria muito legal a realização de uma festa, o reconhecimento dos títulos. Para nós é importante. Demorou bastante, mas passa para a história", disse o ex-jogador.

Entre os clubes ultrapassados no ranking de campeões nacionais, a medida da CBF foi repudiada. Campeão brasileiro em 1977, 1986, 1991, 2006, 2007 e 2008, o São Paulo chegou a lançar o filme "Soberano" para festejar o hexacampeonato. Uma vez inferiorizados na lista, os tricolores protestaram.

"Não interessa ao São Paulo ser o primeiro ou não. Temos noção do que ganhamos e não foi nada de presente de ninguém. Nossos títulos são indiscutíveis. Essa manobra mostra a forma precária como dirigem o futebol brasileiro. Isso acaba com a credibilidade do futebol e da entidade que o dirige", protestou Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, vice de futebol.

Os insatisfeitos criticam a decisão de reconhecer dois títulos do Palmeiras no mesmo ano de 1967 e apontam as diferenças entre o Brasileiro e os torneios anteriores. Entre 1961 e 1965, por exemplo, o Santos foi pentacampeão da Taça Brasil em 24 jogos. Já o Cruzeiro, em 2003, realizou 46 partidas para ganhar a primeira edição do Nacional por pontos corridos.

Enquanto uma nova polêmica é criada, duas velhas pendengas do futebol tupiniquim continuam presentes. A CBF ignora o Flamengo e aponta o Sport como campeão brasileiro de 1987, além de ainda não ter definido um dono para a chamada "Taça das Bolinhas", criada para homenagear o primeiro tricampeão seguido ou o primeiro penta alternado.

A entidade resolveu unificar os títulos anteriores a 1971 no momento em que o Brasil vive uma clima de preocupação em relação à Copa do Mundo de 2014 e pouco depois de Ricardo Teixeira, presidente da CBF desde 1989, ser acusado de receber US$ 9,5 milhões de propina da ISL, empresa de marketing esportivo ligada à Fifa.

Com a mudança, Pelé passa a somar seis títulos brasileiros, um recorde. Atualmente, o ex-jogador do Santos mantém bom relacionamento com o mandatário da CBF e deve ser uma espécie de garoto propaganda da unificação, mas ambos já chegaram a trocar acusações e brigar judicialmente.

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